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Efeito Estufa: Empresariado indica principais obstáculos para a redução de emissões

Publicado em 27/06/2023 às 14:57 edição Lenilde Pacheco


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Pesquisa mostra que incertezas regulatórias são principal entrave para a descarbonização - Foto: Freepik

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou nesta terça-feira (dia 27), o estudo “Desafios do Setor Empresarial Brasileiro na Jornada Net Zero”, realizado em parceria com a consultoria BCG. A pesquisa contou com respostas de mais de 50 companhias, de todos os principais setores, como agronegócio, transporte, saneamento, mineração e energia, e teve como objetivo mapear os principais entraves enfrentados pelas empresas na redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

O levantamento inédito mostra que as principais dificuldades estão ligadas a incertezas regulatórias, para 64%; engajamento dos fornecedores, para 49%; e ausência de referências setoriais, para 38%.

Os desafios apontados pelas empresas refletem a necessidade de um ambiente seguro para o investimento em novas tecnologias, já que muitas delas demandam valores milionários. É o caso daquelas que ainda dependem da criação de marcos regulatórios, como o hidrogênio verde.

Sem as definições corretas, isso pode trazer muitos custos adicionais quando estas regras forem definidas, criando um ambiente de alta insegurança. Outro exemplo defendido pelo CEBDS é a criação de um mercado regulado nacional de carbono, uma importante ferramenta que estimula o investimento em tecnologias limpas e que ainda não existe no Brasil, apesar de iniciativas tanto do Executivo quanto do Legislativo.

As políticas públicas também aparecem quando o tema é a aceleração do avanço na agenda climática e o aumento da atratividade de investimentos verdes. Neste quesito, as entrevistadas responderam à questão “quão importante é cada tipo de política pública para sua organização avançar na jornada de descarbonização?”. As respostas mostram que a regulação econômica domina o ranking de relevância, sendo citado por 97% delas, seguida de programas e marcos regulatórios setoriais, para 92%.

Avanços

Mesmo com essas incertezas, o setor empresarial vem construindo e implantando estratégias para operações mais limpas. Por exemplo: 92% das entrevistadas dizem possuir motivação para se engajar em uma operação de baixo carbono. Do total das participantes do estudo, 79% possuem estratégia clara para redução de emissões, e 71% já implementam ações de descarbonização em escala. Este incentivo é motivado principalmente por fatores internos (decisão da alta gestão, para 75%), somado à pressão de investidores, para 64%.

Outro número que se destaca refere-se às operações das companhias: 90% das entrevistadas calculam suas emissões, mas a contabilização em seus fornecedores ainda é um grande desafio. O estudo aponta que apenas 20% das respondentes conseguem engajar sua cadeia de valor de forma abrangente.

Esses dados mostram a dificuldade de sensibilizar e apoiar empresas de médio e pequeno porte. Para grandes companhias de diversos setores, é na cadeia de valor que se concentra a maior parte das emissões, o chamado escopo 3. Os principais entraves, além da questão financeira, são a necessidade de nivelar conhecimento climático entre as empresas e de priorização frente a outras áreas do negócio, já que em empresas menores a sobrevivência financeira pode ser um desafio que ocupa toda a agenda da liderança, restando pouco espaço para a discussão climática.

O estudo realizado em parceria com o BCG faz parte da Plataforma Net Zero, um programa lançado pelo CEBDS para auxiliar as empresas nessa jornada e acelerar ações climáticas em todas as esferas dos negócios: dentro das empresas em si, nas cadeias de fornecedores, nas políticas públicas nacionais e nos padrões internacionais. É um programa que pode ser muito útil, sobretudo, para orientar as pequenas e médias empresas, porque reúne as principais bases de conhecimento, além de aplicações práticas e cálculos, sendo capaz de amenizar esse desafio de engajamento.