Natura avança da sustentabilidade para a regeneração ambiental
Publicado em 28/08/2024 às 13:33 edição Lenilde Pacheco
Ângela Pinhati: "o compromisso com as práticas sustentáveis está presente em todas as áreas da empresa".
Lenilde Pacheco*
Numa década desafiadora, a Natura & Co precisou revisar seus passos, se reestruturou e trouxe a América Latina para o foco, sem alterar a urgência necessária para enfrentar a crise climática, promover ações sustentáveis e a proteção da Amazônia. Feito o ajuste pós-pandemia, foi possível impulsionar a transformação dos negócios para a circularidade e regeneração ambiental.
O ranking da GlobeScan, organização internacional de consultoria em ESG, mostra que essa equação tem sido bem encaminhada. A companhia acaba de ser reconhecida como a terceira líder em sustentabilidade no mundo. Segue na vanguarda quando os temas são biodiversidade, tecnologia e cuidados com a Amazônia.
Para a diretora de Sustentabilidade da Natura, Ângela Pinhati, a boa classificação reflete o compromisso com as práticas sustentáveis em todas as áreas de atuação da empresa, incluindo a cadeia de suprimentos. “As mudanças estruturais não são feitas de forma isolada. Por isso, queremos inspirar outras empresas e parceiros a se unirem nesta jornada”, assinalou.
Maior companhia brasileira de cosméticos, a Natura é pioneira na adoção da agenda de sustentabilidade, incluindo o uso de ingredientes naturais, obtidos sem agressão ao ecossistema. No conjunto de ações constam programas de reflorestamento e neutralização de carbono, com metas ambiciosas.
Com o propósito de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa, a empresa traz uma novidade: a primeira frota de carretas movidas a gás biometano. A substituição dos veículos a diesel por 20 novos com combustível verde reduz as emissões de carbono em 82%. Essa mudança contribui para o cumprimento das metas públicas da companhia, reunidas no documento Visão 2030, Compromisso com a Vida. O gás biometano agora abrange 35% da operação de fretes pesados da Natura no Brasil.
Com isso, foi unificada a coleta e entrega de matéria-prima, insumos e produtos acabados da Natura e Avon (adquirida há quatro anos). A logística abrange fornecedores, fábricas, hubs, centros de distribuição e terceiros no estado de São Paulo. As novas carretas começam a fazer cerca de 1.250 viagens/mês.
O diretor executivo de Operações e Logística da Natura, Eduardo Sá, explica que um dos maiores desafios do projeto foi unificar três circuitos de entregas diferentes com um único fornecedor que atendesse aos requisitos operacionais, em especial a disponibilidade de veículos movidos a biocombustíveis.
A parceria com a Reiter Log foi bem estruturada e deve proporcionar redução no custo de frete, uma economia anual estimada em R$1,2 milhão. A vice-presidente de Operações e Logística da Natura, Josie Romero, aposta que haverá melhoria do serviço, com qualidade e segurança, num horizonte mais sustentável. “As mudanças estruturais dependem do engajamento de todos. Estamos trabalhando para que nossos parceiros adotem, cada vez mais, práticas sustentáveis e regenerativas em suas cadeias”, enfatizou a executiva.
Prática regenerativa
Para alcançar suas metas, a Natura impulsionou o desenvolvimento de produtos e projetos com foco na regeneração, conceito adotado no final de 2023 para redefinir sua estratégia de negócios. Parte do princípio de que os desafios globais da humanidade demandam ações que vão além da sustentabilidade e exigem, não apenas a conservação, mas também a restauração do que foi degradado pela ação humana, do ponto de vista ambiental e social.
A prática regenerativa tornou-se urgente para restaurar ecossistemas, reconstruir solos, revitalizar comunidades e recuperar a biodiversidade; não apenas mitigar ou prevenir danos. Na definição do professor Ademir Reis (UFSC), utilizando a sucessão e as interações planta-animal ao promover a sucessão de todos os elementos (solo, microflora, flora e fauna), a área ganha resiliência, retornando o mais próximo de sua condição original e equilíbrio. Um desafio ambiental inadiável.
* Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.