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Na FIEB, especialistas discutem estratégias para impulsionar o setor de fibras naturais

Publicado em 28/05/2024 às 15:07 edição Lenilde Pacheco


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Expectativa positiva no setor: existe oportunidade para crescer 1.2% ao ano - Foto: Valter Pontes/FIEB

As estratégias necessárias para impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento econômico do setor produtivo de fibras naturais estão em debate no Encontro Mundial de Fibras Naturais, iniciado nesta segunda-feira (27), na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador. A programação prossegue até o dia 30, numa iniciativa do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia (Sindifibras/Fieb) e pelas demais entidades privadas ligadas ao setor que cuidam da cadeia de fibras naturais do Brasil (sisal, juta, malva, coco, piaçava, bambu, seda e cânhamo).

Em depoimento aos participantes, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu, ressaltou que as fibras naturais como juta, abacá, coco, kenaf e sisal – conhecidas como JACKS movimentam uma economia estimada em U$ 60 milhões de dólares/ano, contribuindo para a geração e renda e a segurança alimentar, além do empoderamento de mulheres rurais, amplamente envolvidas com a produção em todo o mundo. “As fibras ainda são eco amistosas e têm sido utilizadas de formas inovadoras. Precisamos ampliar esta escala. A tecnologia e a inovação devem estar no centro das soluções para superar os desafios dessas cadeias”, pontuou.

Eleito presidente do Grupo Intergovernamental de Fibras Naturais da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Wilson Andrade fica no cargo por dois anos. Também presidente da Organização Internacional de Fibras Naturais (International Natural Fibers Organization – INFO), da Câmara Setorial de Fibras Naturais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (CSFN/MAPA) e do Sindifibras, Andrade afirmou que o setor está recuperando parte do mercado perdido para a indústria das fibras sintéticas. “Estamos buscando novas oportunidades para nossas fibras naturais e as notícias são positivas. Pela primeira vez, depois de muito tempo, temos expectativa de crescer ao menos 1.2% ao ano, nos próximos anos”, anunciou durante a abertura do evento.

A abertura do Encontro contou com a presença de representantes dos Grupos Intergovernamentais de Fibras Naturais da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) do Brasil, Bangladesh, China, Alemanha, Filipinas, Sri Lanka, Tanzânia, EUA, Holanda e Reino Unido. O evento também recebeu lideranças de instituições parcerias e do poder público.

O diretor-executivo de Governança e Gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Alderi Araújo, ressaltou que as fibras naturais já nascem com a marca da sustentabilidade e que a cadeia é uma “imensa fábrica de empregos”. Só no Brasil, de acordo com ele, 850 mil pessoas dependem do sisal. “Cabe um esforço enorme no sentido de se investir em insumos biodegradáveis e na Inclusão socioprodutiva de trabalhadores das regiões menos favorecidas, que ainda estão à margem do conhecimento e da tecnologia”, declarou.

Representando o secretário de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia, Wallison Torres, o superintendente de Política do Agronegócio, Claudemir Nonato, falou sobre a importância da utilização de pesquisas e dados já existentes na poio técnico que se pode oferecer aos produtores. “O Brasil e a Bahia precisam muito da ciência, da tecnologia e da inovação. Temos muito o que conversar e convergir para avançarmos, por exemplo, no que se refere à baixa produtividade de cadeias como a do coco e do sisal. Precisamos também atrair agroindústrias, estamos estudando que tipo de incentivos podem ajudar nisso”, assegurou.

O presidente da Fieb, Carlos Henrique Passos, destacou que Brasil é um importante player na produção de fibras naturais, sendo esta uma atividade que gera renda para regiões com pouca alternativa econômica, e que a magnitude do setor, pela sua aplicabilidade e capacidade de absorver carbono, merece mais apoio e políticas, que poderão sair como resultado do evento.

“A integração com outros países pode gerar cooperação para novas utilizações das fibras. Esperamos que estudos e projetos contribuam para a integração de mercado e oportunidades de acesso às compensações ambientais. É interessante que o Encontro aconteça aqui para que possamos mostrar ao mundo nossas vantagens competitivas, pois vivemos uma janela de investimentos que pode ser de grande proveito para a agregação de valor. Estamos juntos com o Sindifibras para superar os desafios”, pontuou.

O presidente do Sistema Faeb/Senar, Humberto Miranda, ressaltou que a melhora na produtividade das cadeias produtivas precisa acontecer para gerar mais emprego às pessoas do campo, além de gerar oportunidade de novos negócios. “Temos o exemplo do algodão, que é da melhor qualidade. Então, precisamos fazer um investimento de apoio para que a região do sisal cresça em produtividade. Hoje, apenas de 5% a 7% da produção se aproveita. Precisamos cuidar desta cultura”, disse.

Evento – A programação inclui reuniões de grupos FAO e, no dia 29, com um seminário técnico em que estudos e resultados serão apresentados por pesquisadores e representantes da Embrapa, Unicamp, SENAI Cimatec, Unesp, Sindifibras, Companhia Têxtil de Castanhal e Green Coco Europa.