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Sustentabilidade é eixo que define novas estratégias de negócios no Brasil

Publicado em 21/01/2022 às 18:42 edição Lenilde Pacheco


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Ações minimizam impactos da cadeia de produção - Foto: Carlos Macedo

A busca por ações que atendam às métricas ESG, sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança, em empresas brasileiras, cresce por vários fatores, entre os quais, a conscientização da importância em adotar práticas empresariais sustentáveis. Segundo pesquisa da American Chamber of Commerce (AmCham), 95% dos entrevistados informaram que já iniciaram ações sustentáveis em suas companhias.

Este cenário existe porque os CEOs de diversas organizações perceberam que há uma preocupação crescente entre consumidores que já enxergam o meio ambiente como a maior prioridade ante aos números do PIB (Produto Interno Bruto), conforme mostrou a pesquisa do fundo de venture capital Atlântico, em conjunto com a empresa de análise estatística Atlas Intelligence.

De acordo com esse estudo, para 56% da população brasileira a preservação ambiental é mais importante do que o crescimento econômico. Esse dado reforça que o pilar “Ambiental” é a porta de entrada preferida das empresas que buscam implementar práticas em ESG.

Para Renan Vargas, diretor comercial e sócio-fundador da Trashin (startup de logística reversa, gestão de resíduos e ESG), com a pandemia da Covid-19, as métricas ESG ganharam mais importância e obrigam as empresas a promover transformações em seus mercados.

“A relação das empresas com o meio ambiente, seus funcionários, fornecedores e clientes passam por novos tempos. A adoção das práticas ESG, que são cada vez mais iniciadas pelo pilar ambiental, se mostram importantes para manter e atrair novos consumidores, além de se adequar ao mercado e ao mundo financeiro”.

Reciclagem

Responsável por liderar pesquisas e estudos sobre ESG na Trashin, Renan destaca que, apesar de crescente, ainda pouco se fala a respeito da indústria de reciclagem, que é responsável por dar um novo destino às toneladas de resíduos descartados diariamente pelos consumidores.

“Em 2020, o mercado global de reciclagem movimentou US$56,17 bi. Mas segundo previsões da Statista, esse setor tem um potencial de movimentar US$80,3 bi anualmente até 2027, caso aconteça o aumento na dedicação das corporações e sociedade civil com ações que impactem positivamente o meio ambiente”, detalha.

A preocupação com o meio ambiente é o pilar que mais estimula as empresas a buscarem medidas para alcançar boas métricas em ESG, proporcionando, inclusive, a integração dos três pilares do conceito: o impacto ambiental por meio da destinação correta de resíduos; o aspecto social por meio da geração de valor e renda para os cooperados de reciclagem; e governança através de metas e mitigação de riscos, características diretamente relacionadas a este pilar.

O interesse de companhias de outras áreas pelo conceito ESG é tão crescente que a própria Trashin, que já está presente em 11 estados brasileiros, é uma das empresas que se beneficiaram com o ‘boom’ desse mercado no Brasil. Nos últimos dois anos a startup registrou um crescimento de 10 vezes em seu faturamento nos últimos dois anos.

“A gestão de resíduos e logística reversa são umas das melhores iniciativas buscadas por outras empresas por serem absolutamente tangíveis e mensuráveis. Entre nossos mais de 50 clientes como Havaianas, iFood, Unimed e outros, temos, por exemplo, as Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte S.A, que por meio dos serviços Trashin, acaba de implementar o mais novo projeto de gestão de resíduos e compensação de carbono para os produtos da linha Brilux, que tem sede no nordeste brasileiro. A iniciativa acompanha uma demanda de mercado cada vez mais forte: promover a destinação correta dos resíduos e a reciclagem. Então, iniciar a adesão e a regularização que o ESG propõe com essa ação, pode ser o primeiro passo a ser dado”, detalha Sérgio Finger, CEO da Trashin.

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Os bons resultados que ganharam destaque com as métricas ESG confirmam o futuro promissor para as companhias que promovem gestão de resíduos, logística reversa e reciclagem.

“É cada vez maior o número de países que exigem mais produtos reciclados em circulação. Um dos exemplos é nos Estados Unidos. Na Califórnia, o governo vai exigir, até 2022, que todas as garrafas plásticas comercializadas no estado tenham material reciclável. A União Europeia não fica atrás, visto que já aprovou uma lei sobre o banimento de plásticos de uso único no continente”, explica Finger.

Para Renan, todo esse cenário reforça que empresas, governos e sociedade civil estão com um olhar atento aos debates ambientais. “Esses três pilares da sociedade como um todo já estão mais conscientes de seu papel e da sua importância, por isso estão buscando, cada vez mais, ações de sustentabilidade a longo prazo”.

Vargas ainda detalha que as ações de sustentabilidade existem há tempos com a Triple Bottom Line, que é a consolidação de ambiental, social e financeiro. Entretanto, com o surgimento do ESG, veio a solidificação da governança no espaço que antes era ocupado pelo financeiro.

“A consolidação de todos esses conceitos tomaram corpo após o mercado financeiro passar a utilizar essas métricas para avaliar as empresas. Então não é que as ações ESG surgiram agora, mas a sintetização dos métodos aconteceu por meio do conceito. O ESG conseguiu unir tudo”.

Para o CEO da Trashin, embora ainda não exista um caminho único para transparência dos dados e informações referente às métricas ESG, as empresas que não estiverem alinhadas aos três pilares já estão, no mínimo, perdendo valor de mercado e também de seus negócios.

“Os pilares ESG nasceram primeiro no mundo de avaliação de empresas. Então, certamente, as que ainda não começaram a se movimentar para se adaptarem a essa nova realidade estão ficando para trás nessas avaliações e perdendo valor de marca na visão dos clientes”, detalha Finger.

Pilares ESG

Quando falamos dos compromissos ESG, passamos a olhar para os três pilares da agenda que são: responsabilidade social, ambiental e de governança. Os três tópicos são temas que recebem cada vez mais atenção no Brasil e no mundo.

No âmbito ambiental, as práticas de ESG visam minimizar os impactos da cadeia de produção, determinando parâmetros para emissões de carbono, gestão dos resíduos, uso eficiente de recursos naturais, entre outras questões importantes para a sustentabilidade do planeta.

No social, as questões relacionadas ao capital humano ganharam relevância, impulsionando a inclusão social e a diversidade de gênero nas organizações, assim como os investimentos em um ambiente de trabalho saudável que impacta diretamente na produtividade e em melhores resultados.

Já as boas práticas de governança contemplam os mecanismos de transparência que contribuem positivamente na reputação corporativa da empresa e proporcionam vantagem competitiva ao negócio dentro de seu mercado.

Sobre a Trashin

Fundada em 2018, a Trashin é uma empresa que realiza operações de gestão de resíduos 360° e projetos de logística reversa com o uso de tecnologia e inovação. Essas ações garantem que os resíduos coletados retornem à indústria como insumo, promovendo a economia circular que gera alto impacto socioambiental.

A empresa, criada em Porto Alegre (RS), conquistou a confiança de grandes companhias para realizar operações de logística reversa, gestão de resíduos e desenvolvimento de estratégias para potencializar métricas de ESG.

Entre as empresas atendidas estão a Havaianas (Alpargatas), Parque Ibirapuera e Parque Nacional dos Aparados da Serra (Urbia), SAP, Ticket Log, Sicredi, Ifood, Movida, Nexa Resources, Cyrela e Unimed. Dentro dessas corporações, a Trashin desenvolve trabalhos que controlam níveis de produtividade e desperdício, promovendo a sustentabilidade através de uma metodologia única que pode ser facilmente aplicada em diversas organizações.