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Riachuelo impulsiona o algodão agroecológico no Verão de Salvador

Publicado em 12/03/2025 às 20:07 edição Lenilde Pacheco


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Projeto prevê o fortalecimento de toda a cadeia produtiva a partir do sertão nordestino - Foto: Alyson Lima/Divulgação

Lenilde Pacheco*

O papel estratégico do verão de Salvador para divulgação de marcas é relevante em função do público grandioso que transforma a temporada em oportunidade para conexão com consumidores, criando experiências memoráveis e sustentáveis. Cada vez mais, a economia verde está presente com novidades, como as primeiras camisetas produzidas com algodão 100% agroecológico pela Riachuelo, em parceria com o Instituto Riachuelo, tradicional no Camarote Expresso 2222.

Para o Instituto Riachuelo, Salvador se torna o perfeito ambiente para divulgação de um trabalho que valoriza o desenvolvimento sustentável e o bem-estar social. As camisas que deram acesso ao Camarote Expresso foram produzidas com algodão cultivado sem agrotóxicos, com o uso de biofertilizantes e defensivos naturais, como prevê o projeto Agro Sertão. Essa iniciativa beneficia mais de 143 agricultores em 15 municípios do Rio Grande do Norte, resgatando a cotonicultura naquela região.

Na década de 80, os produtores potiguares de algodão viram a cultura devastada pela praga do bicudo, o que exigiu anos de pesquisas da Embrapa até o início de um novo ciclo de cultivo, em 2021, conta o pesquisador Marenilson Batista da Silva. Com a criação de unidades de aprendizagem e pesquisa foi possível retomar a cultura do algodão em consórcios agroecológicos.

A gerente do Instituto Riachuelo, Renata Fonseca, lembra que a primeira etapa exigiu superar a falta de confiança dos produtores na retomada do plantio do algodão. Eles acreditavam menos ainda que o retorno poderia ser feito com práticas agroecológicas, sem o agrotóxico antes amplamente utilizado.

“Vencidos os obstáculos iniciais, o trabalho avançou com excelente resultado”, comemora Renata Fonseca. O projeto permitiu a produção de sementes orgânicas, arranjo e o perfeito desenvolvimento das plantas. As novas tecnologias foram incluídas nas propriedades dos pequenos produtores, incluindo tratores, plantadeiras e pulverizadores, equipamentos que elevaram a produtividade em toda a região do Seridó (RN).

Enquanto os técnicos da Embrapa cuidaram do solo, da qualidade da fibra e do aperfeiçoamento de métodos para eliminar o risco de contaminação por pragas, o Sebrae articulou os produtores agroecológicos para a gestão de negócios. “O algodão sempre foi reconhecido como o ouro branco numa região onde a estiagem diariamente desafia os produtores rurais”, afirma o diretor técnico do Sebrae, João Hélio Cavalcanti Júnior. “Com o projeto Agro Sertão, criado há três anos, demonstramos a viabilidade econômica do projeto”.

Iniciado em 2022, com 54 produtores, Maria Azevedo de Brito foi uma das agricultoras que passou pela capacitação técnica e apostou na retomada do algodão, durante décadas cultivado por seus pais, avós e bisavós. “Estou agora no terceiro ciclo produtivo. Os agrotóxicos foram substituídos por biofertilizantes e defensivos naturais, num modelo de plantio que associa as culturas do milho, feijão e palma”, explica, satisfeita com os resultados.

Economia Verde

A produção das camisetas para o Camarote Expresso 2222 foi possível com a articulação de uma cadeia produtiva desde a fiação, malharia, tingimento, corte, costura e silk, que fortalece a geração de empregos e impulsiona a economia verde. Para os cinco dias de Carnaval, foram produzidas 6.400 unidades usadas pelos convidados e todo o staff. Nas lojas, as camisetas começarão a chegar em maio. O projeto resgata uma tradição agrícola significativa, ao mesmo tempo em que incentiva a agricultura familiar e as práticas sustentáveis no sertão nordestino.

 

Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.