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Programa de agricultura regenerativa da Nestlé avança com sustentabilidade

Publicado em 01/11/2023 às 09:34 edição Lenilde Pacheco


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Agricultura regenerativa: desde o bem-estar animal até a conservação da natureza- Foto: Indústria Verde

O projeto da Nestlé de incentivo à agricultura regenerativa nas fazendas de pecuária leiteira mostra que apostar em sustentabilidade traz retorno em competitividade e gera ciclo virtuoso, em que cada parte do processo se beneficia e nada se perde. Isso porque o Programa Regenera, no qual o Nature por Ninho faz parte – que fabrica leite de mesmo nome –, apoia os produtores a fazerem a transição para uma produção com menor impacto ambiental, com foco no bem-estar animal e na conservação da natureza. Inclui, por exemplo, ações de reuso de água, aproveitamento de recursos e resíduos e redução na emissão de gases do efeito estufa.

Atualmente, há 150 fazendas no programa para a produção do leite Ninho. Além da consultoria agronômica, os produtores participantes também são melhor remunerados. As fazendas do Programa Regenera são certificadas em três categorias: ouro, prata e bronze, e o incentivo financeiro é de R$ 0,20, R$ 0,10 ou R$ 0,05 por litro de leite, respectivamente.

A gerente de Sustentabilidade da Nestlé Brasil, Bárbara Sollero, afirma que, com mais conforto e bem-estar, o animal tem mais vitalidade e gera benefícios para todos. “Se a vaca está bem, ela também dá mais dinheiro para o produtor. São sistemas que estão sendo naturalmente mais atrativos. Os produtores estão migrando para ele, pois entendem o quanto o cuidado com o gado é benéfico também para os negócios”, diz.

Ela explica que o primeiro passo da agricultura regenerativa vem com uma atenção especial com o solo para o plantio do alimento do animal. “A gente passa de uma agricultura que emite carbono para uma que não só não emite, como sequestra CO2, porque ela mantém esse solo vivo”, destaca. “E quando a gente fala de pecuária regenerativa é para além dessa atenção com o solo: inclui os cuidados com os animais, os dejetos, a água e as pessoas. É o equilíbrio efetivamente do sistema”, completa.

Resultados 

O Indústria Verde visitou uma fazenda certificada na categoria ouro: a Batatal, que fica no município de Serra do Salitre, em Minas Gerais, e pertence aos irmãos Silmar e Vilmar Geraldo Martins. Eles estão há dez anos no ramo da pecuária leiteira. Começaram com apenas dez vacas, que produziam uma média de 15 litros por dia cada uma. Após uma sequência de investimentos em tornar a fazenda mais sustentável e em oferecer melhor qualidade de vida aos animais, eles chegaram a uma média diária de 43 litros por vaca por dia. O número de animais também cresceu e já soma 82.

Para fazer esse salto em uma década, os irmãos aprimoraram cada etapa do processo, desde o nascimento dos bezerros aos cuidados com os dejetos, passando pela alimentação diferenciada para cada animal em cada etapa de sua vida. Bárbara Sollero ressalta que a boa alimentação dos animais da fazenda é um critério muito importante. “Temos que pensar que o leite que a vaca dá é resultado do que ela come”, resume. “Essas vacas [da raça holandesa] têm uma genética muito particular, que é cuidada por especialistas para promover uma melhor produção. E elas precisam expressar esse potencial. Se a gente não der a melhor nutrição, o melhor composto de água, elas não vão se expressar”, completa.

As primeiras horas de vida dos bezerros são consideradas as mais importantes. Neste momento, ele é separado da mãe e passa a receber leite materno e cuidados individualizados, especialmente para prevenir possível infecção por bactérias. A intenção é que ele tenha seu sistema imunológico fortalecido. Conforme vão crescendo, vão mudando de ambiente e recebendo alimentação de acordo com sua demanda energética.

Sustentabilidade

A Fazenda Batatal adota, desde 2018, o chamado compost barn, um sistema de infraestrutura que tem como objetivo melhorar o espaço coberto que serve como área de repouso das vacas e aproveita os resíduos orgânicos (fezes e urina) gerados ali. Esse composto de resíduos é tão rico em matéria orgânica que também é aproveitado de forma circular nas lavouras para reduzir a dependência da adubação química. Além disso, a água usada para limpeza do local, da pista de alimentação e dos dejetos é reutilizada. Ela fica em uma lagoa apropriada e completamente vedada por 20 dias em processo de decantação. Depois desse período, é usada para fertirrigação de gramíneas, que são servidas diariamente como alimento fresco aos animais.

O galpão que abriga o rebanho é ventilado e mantém os animais em uma temperatura agradável. “Cada vaca tem que ter de 10 a 12 metros quadrado de espaço para ter um dimensionamento suficiente para expressar seus movimentos e comportamentos”, explicou Bárbara. A fazenda tem 12 hectares de mata nativa, além de um rio com as margens preservadas e um solo bem manejado.

Os irmãos Silmar e Vilmar se dizem apaixonados pelo processo e lembram que é uma atividade que não tem fim de semana nem feriado, todos os dias eles precisam estar em contato com os animais e nos cuidados com a produção. Para eles e para a gerente de sustentabilidade na Nestlé, esse é um processo em que todos ganham. “A gente cumpre com os nossos compromissos de ESG [da sigla em inglês para ambiental, social e governança], ganha o nosso consumidor, que está buscando cada vez mais uma produção de leite sustentável, e ganham os produtores, que conseguem aliar rentabilidade e bem-estar dos animais, trazendo mais rentabilidade e resiliência para a terra de cultivo”, conclui Bárbara Sollero.

Fonte: Indústria Verde