img
img

Especialista alerta para riscos da falta de planejamento na transição energética

Publicado em 13/02/2025 às 00:26 edição Lenilde Pacheco


img

Debate reuniu investidores e grandes players do mercado de combustíveis renováveis na Bahia - Foto: Desafio Ambiental

Lenilde Pacheco*

Durante apresentação no sobre o tema ‘Transição Energética”‘, na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB-BA), nesta quarta-feira (12), o economista e sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, assinalou a importância da diversidade energética no País, mas alertou para os riscos e consequências da “falta de planejamento da transição energética”.

Diante de investidores e grandes players do mercado de combustíveis renováveis na Bahia, líderes deste setor nas esferas pública a privada, Adriano Pires citou a posição muito privilegiada do Brasil no cenário de transição energética. “O país tem muita água – até brincamos dizendo que o Brasil é a Arábia Saudita da água. O Brasil tem vento, sol, petróleo, gás natural, biomassa e biogás, com um potencial enorme. Estamos em uma situação muito confortável, se tivermos políticas para desenvolver essa vantagem comparativa que o Brasil tem”.

Ele prosseguiu, observando que as condições da Bahia são igualmente favoráveis em razão do petróleo, gás, vento e sol. O primeiro passo, no entanto, é o reconhecimento dos atributos de cada fonte de energia sem eliminar as alternativas existentes. “Contudo, a partir daí, é necessário manter o tripé: sustentabilidade, segurança energética e acessibilidade, sem o qual os riscos permanecem”, alertou.

Como exemplo da gravidade deste cenário, o especialista mencionou a interrupção do fornecimento de energia elétrica associada às chuvas extremas, cada vez mais intensas e frequentes: “Vocês já viram a falta de energia elétrica se prolongar por uma ou duas semanas, em várias regiões do País, causando enorme prejuízo à sociedade”.

Com o planejamento adequado, o Brasil e a Bahia “podem ser supridores de energia limpa para o mundo eletrificado no qual vivemos. Mas é importante reconhecer que todas as fontes de energia são importantes para o desenvolvimento sustentável, segurança do sistema e acesso universal à energia, hoje oferecida ao cidadão brasileiro com uma das mais elevadas tarifas do mundo”.

O especialista criticou também as políticas de subsídios criadas para vigorar temporariamente mas que acabam se tornando ‘eternas’. Adriano Pires citou, então, a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher: ‘Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos’.

Pesquisa e Inovação

O evento teve a presenta do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Comissão Especial de Transição Energética e relator do PL 2308/23, chamado de Combustível do Futuro, aprovado no ano passado. O parlamentar falou sobre a importância da pesquisa científica e inovação para acelerar a implementação dos combustíveis sustentáveis.

Ele explicou que o combustível do futuro impulsiona a demanda por biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol. Valoriza a produção agrícola brasileira, permitindo que o país processe internamente os grãos; promove a independência energética do Brasil, proporcionando o avanço da economia mais sustentável e forte.

O evento contou ainda com a participação do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ângelo Almeida, que apresentou os investimentos programados e as oportunidades do setor na Bahia, do chefe de gabinete da Secretaria estadual de Meio Ambiente, André Ferraro, que vai falar sobre Política de Transição energética da Bahia (Protener), além do presidente do Sindaçúcar-BA, Luiz Carlos Queiroga.

A abertura dos trabalhos foi feita pelo presidente da FIEB, Carlos Henrique Oliveira Passos, e presidente Vice-Presidente de Comunicação ESG e Relações Institucionais da Acelen, Marcelo Lyra.

 

Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.