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Desaceleração: Indústria baiana deve crescer em ritmo mais lento em 2025

Publicado em 19/12/2024 às 08:07 edição Lenilde Pacheco


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Vladson Menezes: as projeções refletem os impactos das incertezas no cenário internacional - Foto: FIEB/Divulgação

As perspectivas da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) para 2025, apresentadas nesta quarta-feira (18) para a imprensa, apontam que a economia baiana vai crescer 2,2% no próximo ano. O setor industrial também seguirá em crescendo, porém em ritmo mais lento do que em 2024, com 3,0% na Indústria de Transformação; 2,5% na Construção Civil; 3,5% na Indústria Extrativa; e 2,0% nos Serviços Industriais de Utilidade Pública.

Os dados apontam uma desaceleração em relação aos resultados de 2024, em que a Indústria de Transformação também fecha o ano com crescimento de 3,0%, mas a estimativa do PIB projetada pelo Observatório da Indústria da FIEB é de 2,6%.

Com grande peso na indústria de transformação baiana, o segmento de Refino de petróleo sofrerá influência do mercado mundial de derivados de petróleo, que não está aquecido. “Esse cenário deve ser compensado com algum incremento da demanda do mercado interno, o que deve resultar em crescimento, porém em ritmo menor que o de 2024”, estima o superintendente da FIEB, Vladson Menezes.

De acordo com Vladson Menezes, as projeções refletem os impactos das incertezas no cenário internacional e a condução da política monetária que tem elevado os juros, com resultados negativos para o setor produtivo.

Por ser em boa parte produtor de bens tradable, relacionados com o comércio exterior, o setor industrial baiano será impactado pelo cenário econômico internacional pouco favorável, influenciado pela desaceleração do mercado chinês e as tensões no mercado do petróleo impactado pela Guerra da Ucrânia e pelo conflito entre Israel e Hamas.

“Outro fator que traz incerteza é o início do governo Trump nos Estados Unidos, com ameaça de elevação de tarifas de importação de manufaturados e o acirramento das tensões comerciais”, acrescenta o superintendente da FIEB, Vladson Menezes.

Um segmento importante que deve enfrentar um ano difícil é o de Petroquímica, que passa por um ciclo de baixa dos preços em nível internacional, com invasão dos importados no mercado nacional.

Para 2025 há a expectativa de retomada da produção de automóveis na Bahia, com a inauguração da fábrica da BYD em Camaçari, prevista para o primeiro semestre, que deverá ter um impacto positivo na economia, com o anúncio de geração de 10 mil postos de trabalho e renda.

Outro segmento industrial com horizonte mais positivo para o próximo ano é a Construção Civil. Apesar da elevação da taxa de juros, que deve inibir as vendas no mercado imobiliário, há a expectativa de ampliação de obras do Programa Minha Casa, Minha Vida e alguns investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os segmentos industriais voltados para a produção de bens finais, como Alimentos, Bebidas, Couros e Calçados, Têxteis, Vestuário e Informática, Eletrônicos e Ópticos e Móveis também devem crescer, embora em ritmo não muito intenso. “São setores que costumam acompanhar o ritmo da economia”, explica Menezes.

Emprego

Dados do IBGE mostram que o mercado de trabalho da Bahia segue aquecido. No terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego no estado foi de 9,7%, a menor registrada na série histórica, com a metodologia de 2012.

Em relação à indústria baiana, dados da RAIS/Caged (Ministério do Trabalho e Emprego mostram que nos últimos 12 meses (encerrados em outubro) foram gerados 7.665 empregos em todo o estado.

No cenário nacional, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que a economia brasileira deve crescer 2,4% em 2025. A instituição projeta desempenho positivo da indústria nacional no próximo ano, com alta de 2.1%. “A taxa de juros reais do Brasil, que é a diferença entre a Selic e o IPCA, ainda é um ponto de atenção. Hoje o país possui a segunda maior taxa de juros reais do mundo, o que prejudica a recuperação econômica e aumenta os desafios enfrentados pelo setor produtivo”, pontua o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos.

Investimentos

Frente aos desafios que a indústria baiana enfrenta, o presidente da FIEB falou sobre o plano robusto de investimentos que o Sistema FIEB apresenta para que os serviços oferecidos pela organização sigam expandindo para todo o estado. “Nossa atuação se guia buscando sempre compreender onde estão demandas para atender indústria com mais capacitação e suporte para a melhoria da produtividade e dos processos”, afirmou.

Ele anunciou que quase 300 empresas receberam consultoria do SENAI Cimatec por meio do programa Brasil Mais Produtivo e que, em 2025, outras 300 poderão fazer parte da iniciativa. No ano que vem, os projetos Aeroespacial e Brave, do Cimatec, serão acelerados. “O campi Sertão, que já tinha uma sede em Conceição do Coité, será expandido para Ourolândia. E uma planta para a produção de etanol a partir do agave vai começar a ser construída”, disse.

O presidente também anunciou que o SENAI deverá voltar a produzir kits didáticos no ano que vem, com objetivo de ampliar as possibilidades de qualificação profissional fora das unidades da instituição. Uma nova unidade do Sistema FIEB será inaugurada em Candeias, com uma Escola SESI e u a Escola Técnica do SENAI.