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Comissão técnica aprova antecipação da semeadura de soja no Oeste da Bahia

Publicado em 28/01/2025 às 16:07 edição Lenilde Pacheco


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Decisão da comissão técnica também impacta positivamente a cultura do algodão - Foto: Divulgação

Amparada por um trabalho de defesa fitossanitária, as Câmaras Técnica Regional da Soja e do Algodão (CTRs) deliberaram em favor da antecipação da emergência da soja no Oeste da Bahia, com reflexo no início do plantio do algodão irrigado (posterior à soja). As decisões foram votadas em duas reuniões com presença das principais lideranças do setor.

Com a aprovação, a fase de emergência da soja – quando a semente começa a germinar, poucos dias após a semeadura – que deveria iniciar em 8 de outubro, passa a ser no dia 25 de setembro. A data final estabelecida pela legislação permanece a mesma, o dia 31 de dezembro. O algodão manteve o calendário, de 21 de novembro a 10 de fevereiro, para o Oeste da Bahia, e de 1º de novembro a 10 de fevereiro, na região Sudoeste.

Para a presidente da Abapa, Alessandra Zanotto, o resultado das votações prova um trabalho consistente de defesa fitossanitária em relação à ferrugem da soja no Oeste da Bahia. “Prevaleceu o consenso de que a antecipação funciona e não põe em risco as lavouras da região, numa decisão que é respaldada por dados científicos e empiricamente, também”, explicou.

Participaram das reuniões os representantes da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Associação dos Engenheiros Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães (Agrolem), Fundação Bahia, Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro).

As entidades também estiveram presentes em seminário, que reuniu especialistas, produtores e técnicos agrícolas para discutir desafios, inovações e oportunidades nas culturas de soja e milho, que alternam com o algodão na região. Na ocasião, a Abapa distribuiu, entre os presentes, Notas Técnicas da Aiba e da Embrapa, com argumentos de suporte à manutenção da excepcionalidade no calendário.

Experiência positiva

A antecipação da semeadura já vinha sendo posta em prática no Oeste da Bahia com a soja, nas duas últimas safras, em caráter excepcional, com autorização da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), abrangendo 111 mil hectares. A prática tem como objetivo otimizar o calendário agrícola, melhorar o manejo fitossanitário e minimizar os riscos associados à ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi).
A antecipação segue as diretrizes do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS), regulamentado pela Portaria SDA/MAPA nº 1.124/2024.

Os resultados observados pelos técnicos mostraram uma redução significativa de análises positivas para a ferrugem asiática, com 276 avaliações realizadas na safra atual, superando o monitoramento da safra 2023/2024. Com a antecipação do plantio, a produtividade média parcial das áreas foi de 70-71 sacas por hectare, sem registro de ferrugem nas lavouras monitoradas.

Quanto ao algodão, de acordo com a Nota Técnica emitida pela Embrapa Algodão sobre as implicações técnicas da antecipação da semeadura da fibra para o cultivo irrigado, são muitas as vantagens em adiantar o plantio do algodão. Além de permitir que a planta atinja o pleno potencial produtivo em menor tempo, com maior qualidade de fibra e menor exposição a pragas e doenças, evita o prolongamento do ciclo e garante que as operações de colheita e manejo sejam concluídas dentro do período do vazio sanitário, assegurando o controle de pragas para a próxima safra.

Quando o plantio do algodão em áreas irrigadas é tardio, segundo a Embrapa, eleva-se a incidência de doenças como a mancha-de-ramulária e aumentam em até 35% o número de aplicações de fungicidas. O plantio tardio também expõe as plantas a temperaturas inadequadas no período crítico de formação das fibras, o que pode levar a colheitas antecipadas, resultando em menor produtividade.

Um dos tópicos que preocupam os integrantes das comissões é a disseminação de tigueras de algodão nas lavouras de soja, decorrentes do transporte inadequado na logística de ida e volta do caroço de algodão e do calcário. Isso acontece porque os caminhões utilizados para levar o caroço – muito utilizado na ração animal – para outros destinos no nordeste do país, retornam para o Oeste da Bahia com calcário, utilizado na preparação do solo para o plantio da soja, e o resultado é o aparecimento indesejado de plantas de algodão nas lavouras da oleaginosa.

“No Programa Fitossanitário da Abapa enfatizamos demais a importância do cuidado com a limpeza dos caminhões, mas entendemos que ainda há um grande caminho a seguir na conscientização dos agentes que trabalham neste elo importante da cadeia produtiva. Precisamos, juntos, intensificar as ações para evitar este problema”, conclui Alessandra Zanotto.