Bahia: Setores químicos e de alimentos são referência nacional em inovação
Publicado em 23/12/2025 às 08:53 edição Lenilde Pacheco
Ilhéus: a produção de cacau tem destaque e impulsiona marcas, como a Ju Arléo - Foto: Ju Arléo Chocolates/Divulgação
Repórter: Amanda Maia, da Agência de Notícias da Indústria
De perfumes e óleos a chocolates e granolas. A Bahia tem uma indústria que se beneficia da riqueza e diversidade natural do estado. Além dos setores químicos e de alimentos, outros mais tradicionais, como papel e celulose, e de tecnologia também têm se destacado regional e nacionalmente.
A Jornada Nacional de Inovação da Indústria, evento itinerante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), está percorrendo todo o país para traçar desafios, propostas e soluções inovadoras de cada estado.
Para cada unidade da federação, a Agência de Notícias da Indústria publica uma matéria para contar um pouco mais sobre o ecossistema industrial. Já trouxemos um panorama sobre RS, SC, PR, GO, DF, MS, MT, MA, PI, RN, PB, AL e SE. A Bahia fecha a série de conteúdos sobre o Nordeste.
Aromas e sabores
Indústria pioneira em perfumes para ambientes, a Avatim – que, em Tupi, significa cheiros da terra – busca nos frutos e flores da biodiversidade a matéria-prima para aromas autênticos. A primeira fábrica foi montada em 2002 por dois amigos e, no ano seguinte, foi ampliada, crescendo de forma exponencial nos anos seguintes.
Na região de Ilhéus, a produção de cacau e de chocolates e derivados é o grande destaque, ao impulsionar diversas marcas, como a Ju Arléo Chocolates e a Natucoa. Ambas aliam tradição familiar e sustentabilidade. A Natucoa tem um espaço de experimentação criativa e desenvolvimento colaborativo, a Natucoa Colab, que é um verdadeiro laboratório de inovação em chocolate.
Outra empresa que começou em família é a Tia Sônia. A produção das granolas que tornariam a marca nacionalmente conhecida começou na garagem de casa em 1996, após uma viagem a Machu Picchu em que dona Sônia preparou 6kg do produto para compartilhar com os amigos. Dois anos depois, já com identidade visual e logo, a marca inaugurava a fábrica. Nos anos 2000, houve a expansão do portfólio para barras de cereais, lanches funcionais e a inovadora granola salgada. Hoje, são mais de 80 itens de alimentos saudáveis.
Deep tech desenvolve extratos
A Puba é uma startup de biotecnologia e nanotecnologia criada na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) por duas pesquisadoras para atender demanda por extratos de origem natural com propriedades conservantes, antioxidantes e fotoprotetoras. Para extração dos insumos, utilizam tanto métodos inovadores quanto milenares, como nanotecnologia e fermentação.
A deep tech afirma ter compromisso com o desenvolvimento sustentável e social e, por isso, estimula a conservação do solo e da biodiversidade e promove emprego e renda das comunidades do semiárido. Entre os produtos estão óleos, leites, sementes e extratos de insumos regionais, como licuri, alecrim do campo, aroeira, algaroba, mandacaru, jaborandi e palma forrageira. O potencial de aplicação não se restringe à indústria de cosméticos, mas se estende ao agro e outros setores.
O plantio sustentável também é uma prerrogativa da Bracell. A Bahia ocupa o 4º lugar no ranking nacional de plantação de eucalipto no país, seguindo Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo; e a empresa é uma das que respondem por isso, com plantios em mais de 40 municípios do Litoral Norte, Agreste e Recôncavo da Bahia e uma unidade industrial em Camaçari.
Apenas a atividade florestal da empresa é responsável pela manutenção de cerca de 2,7 mil empregos próprios e terceirizados. A Bracell tem ainda duas fábricas no estado para fabricação de celulose, em Camaçari, e tissue, em Feira de Santana.
Embalagens e transporte
Também em Feira de Santana, uma das maiores empregadoras é a Xpert Pack, indústria que fabrica embalagens plásticas, chamadas de big bags, para transporte e armazenamento de materiais a granel. Neste ano, a empresa investiu cerca de R$ 100 milhões na nova planta industrial da cidade, com cerca de 25 mil m². Rondonópolis (MT), Viradouro (SP) e São Leopoldo (RS) também têm fábricas. Entre as soluções inovadoras desenvolvidas estão:
Tecnologia de atmosfera modificada, que controla gases no interior da embalagem e preserva qualidade sensorial (aroma, sabor e textura) e prolonga a vida útil de produtos como café, cacau e arroz durante armazenamento e transporte;
E primeiro modelo de big bag sem costura do mundo, eliminando pontos fracos onde poderiam ocorrer vazamentos ou perdas de produto.