O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU publicou, nesta segunda-feira (09), sua nova avaliação sobre o agravamento das condições do clima no planeta: os eventos extremos, como chuvas torrenciais, elevação do nível do mar, secas e elevadas temperaturas ocorrerão com maior frequência ao longo do século 21, mesmo que a humanidade consiga frear o aumento das emissões de CO2, mostra o relatório.

Há mais de uma década, este grupo de trabalho colocou a mudança do clima em discussão; hoje considera os danos irreparáveis. Os cientistas explicam que o cenário está diretamente relacionado à atividade humana, não se tratando, portanto, de um ciclo do planeta. Desta vez, o documento inclui severa advertência sobre a influência humana no aquecimento global.

Desde 1850, a temperatura do planeta foi elevada em 1 grau Celsius, e ganhará mais meio grau até o final da década de 2030, segundo os cinco cenários traçados pelo IPCC.

O documento mostra que consequentemente as ondas de calor que castigam EUA e Canadá; as enchentes que assolam países europeus e a China e o derretimento do gelo marinho na Groenlândia se repetirão em velocidade recorde; serão cada vez mais comuns e intensos.

Impacto socioeconômico

No Brasil, as regiões Sudeste e Sul devem sofrer cada vez mais precipitações intensas, enquanto boa parte do Norte, Nordeste e Centro-Oeste estarão sujeitos à seca, que comprometerá a atividade agropecuária.

Desde sua criação, em 1988, pelas Nações Unidas, o IPCC produziu cinco grandes relatórios e vários documentos complementares importantes. Composto por 195 países, entre eles o Brasil, o grupo de trabalho recebe a contribuição voluntária de cientistas de todo o mundo.

A análise científica que o IPCC faz em seus relatórios é fruto do trabalho de milhares de pesquisadores em muitas áreas. Dentre as conclusões apresentadas nos seus diversos documentos, destaca-se a influência clara do papel das emissões antropogênicas nas mudanças climáticas, e o enorme esforço que a sociedade terá que fazer para reduzir emissões e se adaptar ao novo clima.

Sucessivos documentos apontam que os impactos socioeconômicos da mudança climática serão elevados, particularmente nos países em desenvolvimento. O potencial de aumentar as desigualdades sociais e econômicas no planeta também é elevado.

Fontes: ONU e Agência Fapesp