Com gabinete de crise, Alagoas gerencia risco de colapso em mina da Braskem
Publicado em 30/11/2023 às 12:03 edição Lenilde Pacheco
Instabilidade do solo, decorrente da extração de sal-gema, abrange cinco bairros - Foto: Thiago Sampaio/Ag Alagoas
Em reunião com os órgãos que fazem parte da Defesa Civil do Estado e diversas secretarias estaduais, o governador de Alagoas, Paulo Dantas, determinou nesta quarta-feira (29) a instalação de um gabinete de crise para gerenciar o risco iminente de colapso em uma das minas da Braskem monitoradas no bairro do Mutange, em Maceió. Ele ainda assinou um pedido de audiência com a Presidência da República para tratar do tema.
Uma reunião com membros da Defesa Civil Nacional, do Ministério de Minas e Energia e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) deve ocorrer nesta quinta-feira (30), para alinhar as ações que serão realizadas em conjunto. As minas são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração, mas que estavam sendo fechadas desde que o CPRM confirmou que a atividade realizada pela Braskem havia provocado o fenômeno geológico na região.
“Após a informação do que aconteceu na mina 18, imediatamente convocamos esta reunião para deliberarmos sobre alguns pontos. Vamos assinar também o pedido de audiência com o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin”, afirmou o governador.
“Estamos atentos para evitar que esse problema tome proporções maiores do que já tomou. A Braskem comunica que indenizou justamente as pessoas atingidas nesses bairros, mas é mentira. As pessoas estão sendo lesadas e precisam ser reparadas. Os comerciantes da área, mais de seis mil pessoas também não foram indenizadas”, acrescentou o governador, ao criticar o acordo feito entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem, no valor de aproximadamente R$ 2 bilhões.
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“Vimos um acordo feito, e só a Prefeitura de Maceió detinha todas as informações repassadas pela Braskem. Agora, vamos continuar cobrando com ainda mais veemência, que, as tratativas incluam também as prefeituras da Região Metropolitana, o Governo de Alagoas, mas, principalmente, todas as vítimas que foram impactadas de toda a ordem por esse crime ambiental, o maior crime ambiental em áreas urbanas do mundo”, reforçou Paulo Dantas.
O monitoramento na região das minas foi reforçado em razão dos cinco abalos sísmicos registrados somente neste mês de novembro. A Defesa Civil de Maceió informa que nesta quinta-feira (dia 30) foi registrado um novo sismo de 0,6 de magnitude local. A prefeitura da capital alagoana decretou estado de emergência em razão do alerta feito por especialistas para o “risco iminente de colapso” no bairro de Mutange, onde fica a mina 18 da Braskem. De acordo com a Defesa Civil, a velocidade de subsidência (movimento de afundamento do solo) – tanto vertical quando horizontal – continua alta.
Hospital
O Hospital Sanatório foi evacuado em meio ao risco de afundamento de terra de uma das minas onde era feita a extração de sal-gema. A unidade hospitalar fica no bairro Pinheiro, vizinho ao Mutange, um dos cinco bairros da capital alagoana afetados pela mineração. A evacuação ocorre desde a noite de quarta-feira (29). A medida foi necessária a partir de um alerta feito pela Defesa Civil Municipal sobre a instabilidade em uma das minas abertas pela mineração. Segundo o órgão, o risco de colapso é iminente.