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Aquecimento global: Governo lança centro de estudos em mudanças climáticas

Publicado em 28/02/2023 às 00:07 edição Lenilde Pacheco


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Meta é elaborar políticas para reduzir impactos da mudança climática - Foto: Diego Galba/MCTI

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro de Síntese em Mudanças Ambientais e Climáticas. O projeto é conduzido pela Rede CLIMA – rede de pesquisas vinculada ao próprio MCTI – e terá investimento de R$ 10 milhões. Os recursos são do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e foram liberados por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A iniciativa tem prazo de execução de 48 meses.

O SIMAClim reunirá pesquisadores sêniores do Brasil e do mundo para trocar informações e realizar uma síntese robusta sobre temas de grande impacto global, relacionados às mudanças ambientais e climáticas. Esses assuntos serão identificados pela comunidade científica, pelo MCTI e pela própria sociedade. A ideia é que os relatórios produzidos pelo SIMAClim possam subsidiar o Estado brasileiro na tomada de decisões e na elaboração de estratégias e políticas públicas que contribuam para reduzir os impactos das alterações do clima.

Há uma estimativa, de acordo com o coordenador da Rede CLIMA e vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, de que existam, atualmente, cerca de 15 centros de síntese no mundo. Entre os mais conhecidos estão o Environmental Omics Synthesis Centre, no Reino Unido, o National Center for Ecological Analysis and Synthesis, nos Estados Unidos, e o Centre for the Synthesis and Analysis of Biodiversity, na França.

Inicialmente, foram mapeados como público-alvo para receber as informações o próprio MCTI e os ministérios do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MAMC), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Minas e Energia (MME), Transportes (MT), Saúde (MS), Justiça e Segurança Pública (MJSP) e o Congresso Nacional. As instituições concentram demandas de políticas públicas que envolvem redução das emissões de carbono, adaptação às mudanças climáticas, expansão de energia, sistemas de vigilância e monitoramento, entre outros.

“O avanço contínuo da ciência, da aquisição de dados às análises derivadas, leva à produção de um volume gigantesco de informações e abre oportunidades singulares ao avanço ainda maior do saber e na proposta de soluções relevantes ao país e à sociedade de modo célere”, explica o coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Márcio Rojas.

Os trabalhos de síntese contribuem de forma efetiva para o diagnóstico e a avaliação do atingimento das metas assumidas pelo país em compromissos nacionais e internacionais, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que agregam 17 objetivos e 169 metas, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), ou metas de redução de desigualdade, de provimento de segurança alimentar. Além disso, as informações produzidas serão importantes para redução de impactos climáticos e ambientais à saúde pública e melhoria da mobilidade urbana com a redução de impacto ambiental.

As pesquisas com foco na síntese do conhecimento têm fortes características de co-produção, buscando o envolvimento de diversos atores, não apenas das comunidades acadêmicas e não acadêmicas, mas também tomadores de decisão das esferas pública e privada. Essas pesquisas não são regularmente conduzidas em estruturas disciplinares de pesquisa. “É algo conveniente e necessário dada a característica de transversalidade das mudanças climáticas, ou seja, que afeta várias áreas”, afirma Rojas

Outro aspecto que torna relevante a implementação do SIMAClim é a necessidade de integrar as informações geradas por sistemas de modo isolado, que podem não ser utilizadas de modo integrado. Segundo Rojas, isso pode dificultar a interpretação das informações e prejudicar os processos de tomada de decisão. “Os tomadores de decisão podem deixar de ver o impacto de longo prazo e os custos ocultos incorridos. Essa situação é particularmente presente quando se trata das mudanças do clima, tendo em vista a elevada inter e multidisciplinaridade do tema”, explica o coordenador.

De acordo com Moacyr Araújo, coordenador da Rede CLIMA e do SIMAClim, o projeto apresenta um diferencial. “Quando comparado aos demais centros já existentes, além da realização da síntese em si, os produtos gerados pelo SIMAClim serão direcionados ao fornecimento de subsídios para contribuir na elaboração de políticas públicas pelo Estado brasileiro”, explica Araújo.

O investimento estabelecerá a estrutura física que permitirá receber os grupos de trabalho e abrigar banco de dados e processamento computacional. Os grupos de trabalho terão nesse espaço uma referência para discussão e elaboração de relatórios de síntese, que serão os produtos gerados, sobre temas relevantes ao Estado brasileiro no âmbito das mudanças climáticas.

Nordeste

Durante a reunião de lançamento do novo centro de estudos, o vice-reitor Moacyr Araújo ainda apresentou a proposta de criação do Centro de Estudos e Pesquisas Energéticas do Nordeste (Cepenne). A proposta é atuar na pesquisa e desenvolvimento nas áreas de eficiência energética, energia solar, eólica, biomassa, rotas tecnológicas de hidrogênio, energia de ondas, entre outras.

Fonte: MCTI