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Parque do Descobrimento preserva biodiversidade da Mata Atlântica

Publicado em 31/12/2025 às 11:47 edição Lenilde Pacheco


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Jequitibás e jacarandás compõem o refúgio de biodiversidade - Foto: PND/Divulgação

Lenilde Pacheco*

Um dos mais importantes refúgios de biodiversidade do Nordeste brasileiro, o Parque Nacional do Descobrimento, situado entre os municípios de Prado e Porto Seguro, tem lugar de destaque no roteiro de baianos e turistas que movimentam o Extremo Sul da Bahia, durante o verão. O parque protege cerca de 22 mil hectares de Mata Atlântica em estágio avançado de conservação, configurando-se como um dos maiores e mais relevantes remanescentes contínuos desse bioma na região.

A importância do Parque Nacional do Descobrimento (PND) vai além de sua extensão territorial. Ele abriga um mosaico de ecossistemas florestais que preservam uma biodiversidade extraordinária, com espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção. Trata-se de um verdadeiro laboratório vivo da Mata Atlântica, bioma que já perdeu mais de 80% de sua cobertura original no Brasil.

A fauna do parque é um verdadeiro tesouro. Mamíferos emblemáticos como o mico-leão-da-cara-dourada, espécie endêmica do sul da Bahia, dividem espaço com a onça-parda, jaguatirica e anta, além de diversas espécies de primatas, aves e répteis. A avifauna, especialmente rica, atrai pesquisadores e observadores de aves de diferentes partes do país e do exterior.

Na flora, a diversidade é igualmente notável. Árvores de grande porte, como jequitibás, vinháticos, maçarandubas e jacarandás, compõem a paisagem florestal, ao lado de uma infinidade de bromélias, orquídeas e outras plantas típicas da Mata Atlântica. Muitas dessas espécies desempenham papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico e na regulação do clima local.

Além da conservação da biodiversidade, o Parque Nacional do Descobrimento presta serviços ambientais essenciais. A floresta protege nascentes e cursos d’água, contribui para a estabilidade do solo, reduz os efeitos das mudanças climáticas e atua como importante sumidouro de carbono. Em uma região historicamente marcada pelo desmatamento e pela expansão agropecuária, o parque representa resistência ambiental.

Sua localização também é estratégica para a formação de corredores ecológicos, conectando outros fragmentos florestais do sul da Bahia e ampliando as chances de sobrevivência de espécies que dependem de grandes áreas contínuas de habitat.

O nome do parque remete ao episódio histórico da chegada dos portugueses ao Brasil, ocorrida justamente nesta região. Assim, o Parque Nacional do Descobrimento une valor ambiental, científico e simbólico, representando tanto a riqueza natural quanto a memória histórica do país.

Criado em 1999, o relevante parque enfrenta desafios constantes, como a pressão por desmatamento no entorno, caça ilegal e conflitos fundiários. A atuação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e as parcerias com universidades, organizações ambientais e comunidades locais são fundamentais para garantir a proteção da área e promover ações de pesquisa, educação ambiental e turismo sustentável.

O parque possui profissionais autorizados a trabalhar como condutores de visitantes, especializados em trilhas de bicicletas; estão inclusive treinados para agir em situações adversas. Em caso de visitação não conduzida, a recomendação é restringir os passeios à Trilha do Macaco-prego (450 m) e à Travessia do Descobrimento (11,5 km).

Outros percursos estão disponíveis em vários níveis, do mais fácil ao mais difícil, como a Trilha da Gameleira (6,9 km), que culmina na árvore gameleira centenária; Trilha da Juerana (4,5 km), com vistas para os vales; a ciclotrilha do Tambor (11,7 km), de nível muito difícil, e a Travessia do Descobrimento II (12,9 km), que leva à Lagoa Só Não Vou e à Aldeia Gurita, do povo Pataxó, permitida apenas com condutor autorizado pelo parque.

Com apoio do ICMBio, estão consolidados roteiros de Etnoturismo na Unidade de Conservação. Aldeias do Povo Pataxó residem no Parque Nacional do Descobrimento – Alegria Nova, Kaí, Monte Dourado, Pequi, além das aldeias Gurita e Tibá, que já estão estruturadas para oferecer a nova modalidade turística, com trilhas de longo percurso passando pelas comunidades.

Nas redes sociais, a equipe do parque nacional mantém a série #VisiteoPND para informar os visitantes sobre as atividades, e serviços prestados. O parque funciona diariamente, das 7 horas às 17 horas. Existem regras que precisam ser observadas, como o descarte adequado de resíduos e a proibição de coleta de rochas, plantas e flores. Também não é permitido o uso do fogo no parque. O visitante deve levar água, alimentos leves, remédios de uso pessoal (antialérgicos e inalador de asma), chapéu, repelente, filtro solar, sapatos fechados, perneira e bastões de caminhada nas trilhas.

 

Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvovimento Sustentável.