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COP30: Especialistas elegem prioridade para fortalecer economia regenerativa

Publicado em 22/10/2025 às 00:47 edição Lenilde Pacheco


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Economia regenerativa não apenas reduz impactos ambientais, mas também restaura ecossistemas - Foto: Desafio Ambiental

Lenilde Pacheco*

Em momento decisivo para a agenda climática global, o debate sobre  O Brasil na Vanguarda do Clima: da Bioindústria à Economia Regenerativa, patrocinado pela Bracell, nesta terça-feira (22), em São Paulo, criou um espaço estratégico de diálogo e proposição de alternativas sustentáveis para o futuro. O encontro permitiu o alinhamento das discussões preparatórias para a COP30, com ênfase do Brasil como potência natural e industrial capaz de liderar uma transição verde com base na biodiversidade e inovação tecnológica.

O evento propôs reflexões sobre como a bioindústria — setor que transforma recursos biológicos renováveis em produtos de alto valor agregado — pode impulsionar uma economia regenerativa, que não apenas reduz impactos ambientais, mas também restaura ecossistemas, valoriza comunidades locais e gera empregos de baixo carbono.

A Bracell, uma das maiores produtoras de celulose solúvel do mundo, reforçou o seu compromisso empresarial com práticas que vão além da sustentabilidade tradicional, incorporando o conceito de regeneração como parte do modelo de negócios. O encontro também evidenciou a importância das parcerias entre o setor privado, o poder público e a sociedade civil para a criação de políticas e investimentos que consolidem o Brasil como referência em bioeconomia e inovação climática.

Entre os conferencistas, Marco Lambertini, coordenador global da Nature Positive Initiative e ex-diretor da WWF International, alertou para a necessidade de mudanças que assegurem a saúde dos ecossistemas e proteção da biodiversidade, cruciais ao desenvolvimento. Isso porque os danos causados ao meio ambiente passaram a oferecer riscos ao setor de negócios. “A melhor estratégia, portanto, é ampliar a resiliência com boas práticas de proteção ambiental, tecnologia e inovação”, resumiu.

A economia regenerativa é apontada por Lambertini como crucial para proteger a parcela da natureza que ainda está intacta; restaurar ao máximo as áreas degradadas; promover a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável e direcionar o fluxo financeiro público e privado para tecnologia e inovação: “É preciso reconhecer o valor econômico da natureza e não permitir as pressões que possam comprometê-lo”.

De forma virtual, a CEO da COP30, Ana Toni, participou do debate, dando ênfase à mesma tese de fortalecimento da economia verde. “A conferência vai demonstar como é viável promover o crescimento econômico alinhado com as ações que contribuam para o combate às mudanças climáticas. Novos negócios, como a restauração florestal e a economia circular, por exemplo, terão espaço na programação da COP30, evidenciando como o Brasil faz parte da solução dos problemas climáticos”.

Ações concretas

Com a COP30 se aproximando, o encontro promovido pela Bracell representa um passo relevante para que o país apresente ao mundo caminhos concretos de desenvolvimento sustentável, alinhando competitividade econômica com responsabilidade ambiental e justiça social. Trata-se de uma oportunidade de reafirmar que a riqueza natural do Brasil pode — e deve — ser a base de uma nova economia regenerativa, que une natureza, ciência e futuro.

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Na abertura dos trabalhos, o presidente da Bracell, Praveen Singhavi, reafirmou o compromisso da companhia com o crescimento econômico de forma responsável e sustentável. O VP de Sustentabilidade, Márcio Nappo, apresentou uma série de ações e resultados obtidos com práticas sustentáveis. O plano denominado “Compromisso Um para Um”, por exemplo, visa ampliar a área nativa cultivada, formando mosaicos com o plantio de eucalipto. “A iniciativa inédita é importante porque amplia a área de atuação da empresa na conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais prestados pela natureza, para além da nossa área de produção. É um compromisso permanente”, enfatizou.

Também participaram dos painéis de debates o presidente da entidade que reúne as Indústrias Brasileiras de Árvores (IBÁ), Paulo Hartung; o ex-ministro Joaquim Levy; o conselheiro da Bracell, Antônio Joaquim; a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Natália Resende; o secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck e o embaixador José Carlos Fonseca.

 

Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.