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Soluções climáticas sustentáveis são urgentes para áreas urbanas, alerta especialista

Publicado em 03/07/2025 às 10:04 edição Lenilde Pacheco


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'Corredores verdes' de Medellín: sustentabilidade urbana alinhada à inclusão social - Foto: Lenilde Pacheco

Mariana Pontes* 

À medida que a emergência climática se intensifica, os centros urbanos, que concentram mais da metade da população mundial, assumem um papel central tanto como emissores significativos de gases de efeito estufa quanto como territórios extremamente vulneráveis aos impactos ambientais. Referente à mudança climática, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ressaltou que esse é o momento de uma “supernova” de ambição climática em todos os países, cidades e setores, alertando que progressos pequenos não serão suficientes para o enfrentamento da grande problemática ambiental. Essa declaração reforça a urgência por ações concretas e ousadas em todos os níveis de governo. Esse cenário impõe uma reflexão ainda mais urgente ao Brasil, que será o país anfitrião da COP30 em 2025, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, e, portanto, estará no centro das atenções internacionais no que se refere à responsabilidade climática e ao protagonismo na implementação de soluções sustentáveis.

É imperativo compreender que a adaptação climática urbana não pode se restringir a abordagens técnicas ou de engenharia. Trata-se, antes de tudo, de um imperativo político e social, que requer o envolvimento articulado entre poder público, setor privado, sociedade civil e comunidade científica. Nesse escopo, ganham relevância as chamadas Soluções Baseadas na Natureza (SbN), que, além de promoverem resiliência climática, geram benefícios sociais e ambientais múltiplos. Um exemplo concreto é a adoção de soluções baseadas na natureza, como o jardim filtrante implementado no Recife, que possuem capacidade para atuar na filtragem da água, mitigação de alagamentos e regulação microclimática. Iniciativas similares, como os “corredores verdes” implementados em Medellín, na Colômbia, demonstram que é viável associar sustentabilidade urbana à inclusão social e à requalificação ambiental.

Diante de um cenário global marcado por eventos climáticos extremos e colapsos urbanos frequentes, torna-se urgente repensar os modelos tradicionais de desenvolvimento das cidades. A adaptação climática precisa ser compreendida como uma oportunidade estratégica para promover transformações estruturais nos territórios urbanos, mais resilientes, mais inclusivos e mais justos. Com a proximidade da COP30, o Brasil tem a chance histórica de liderar o debate climático global com ações concretas e inspiradoras. Para isso, é fundamental que a agenda climática seja inserida com prioridade nas políticas públicas, com planejamento de longo prazo e mecanismos efetivos de participação social. Apenas com esse compromisso será possível construir cidades que respondam aos desafios do presente e garantam um futuro seguro e sustentável para todos.

Mariana Pontes é Arquiteta e Urbanista. Atua como diretora-presidente da Agência Recife para Inovação e Estratégia. Com MBA em Gestão de Projetos e Mestrado em Desenvolvimento Urbano, ela alia seu conhecimento teórico à prática, obtendo a certificação PMP. Com experiência no ensino de Arquitetura e Urbanismo, Mariana lidera uma equipe multidisciplinar no desenvolvimento de projetos urbanos, focando em inovação, inclusão e diversidade.