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Recife, uma das cidades brasileiras mais ameaçadas por mudanças climáticas

Publicado em 14/10/2021 às 08:27 edição Lenilde Pacheco


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Recife: a cidade mais baixa do Brasil possui zona urbana muito próxima da planície estuarina - Foto: Acervo PMR

O Recife é uma das cidades brasileiras mais ameaçadas pelo avanço do nível do mar, segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU). O relatório atribui à “Veneza brasileira” o 16º lugar no ranking das áreas do território brasileiro onde existe maior risco de danos.

Diversos fatores contribuem para que a capital pernambucana seja uma cidade ameaçada pelo avanço marítimo: sua geografia, densidade demográfica e até mesmo a desigualdade social, analisam os especialistas. Na prática, significa que a cidade histórica tem muitos desafios a enfrentar.

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Para discutir os efeitos e possíveis ações para minimizá-los, ocorre na cidade, até a sexta-feira (15), o Fórum Internacional Recife Exchange Netherlands (RXN), que tem como tema “águas como patrimônio: visões e estratégias sobre o aumento do nível do mar no Recife e Países Baixos”.

De acordo com o professor Marcus Silva, do departamento de oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), durante o século 20, estima-se que o nível do mar tenha sido elevado entre 30 e 40 centímetros, a nível global. No entanto, cada região é afetada diferentemente pela mudança.

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“As cidades apontadas no relatório são Recife, Rio de Janeiro e Santos (SP). Aqui, temos a questão do nível da cidade em relação ao mar, já que o Recife é a cidade mais baixa do Brasil, está no nível do mar. Além disso, a cidade tem uma zona urbana muito próxima da planície estuarina. São Luís, por exemplo, é mais alta, e não deve ter tanto problema”, explica Marcus Silva.

O conteúdo do Fórum Internacional Recife Exchange Netherlands (RXN) deve subsidiar a reflexão e a concepção de soluções inovadoras, que orientarão ações de cunho prático na condução das políticas públicas no campo do urbanismo, da conservação do patrimônio e da sustentabilidade urbana.

O RXN é organizado pela Universidade Federal de Pernambuco, através da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, e o Reino dos Países Baixos, através da Agência do Patrimônio Cultural, estando ainda integrado à ONU Habitat, através do Circuito Urbano 2021. Ele será dividido em duas partes, sendo a primeira em 2021, explorando a cidade do Recife como objeto de estudo frente à temática exposta; e a segunda em 2022, com a investigação de um caso nos Países Baixos.

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Em 2019, a Prefeitura de Recife publicou um decreto reconhecendo a emergência climática na capital e anunciou que incluiria o tema no currículo das escolas.

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