Sustentabilidade: Indústria da moda está cada vez mais rastreável
Publicado em 01/11/2024 às 00:01 edição Lenilde Pacheco
Mário Jorge Machado: empresa que não cumprir as regras de sustentabilidade não sobreviverá - Foto Divulgação
As políticas regulatórias para o setor têxtil em vigência pelo mundo foram discutidas durante a 9a edição do Congresso Internacional da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), realizado em Salvador, nestas quarta e quinta-feira. As demandas por certificação aumentam globalmente a cada dia para o setor têxtil, mostraram especialistas durante o painel.
A rastreabilidade para buscar a origem, por exemplo do algodão contido no produto, tem crescido em todos os maiores países consumidores, especialmente na União Europeia e algumas unidades federativas dos Estados Unidos, segundo David Olave – Associate and Trade Policy Advisor – Sandler, Travis & Rosenberg, P.A. Ao buscar a origem dos insumos, também se busca as certificações por trabalho decente, para as normas químicas, de impactos ambientais, reciclagem, dentre outros pontos com certificações internacionais. Alguns países, como Sri Lanka, estão sendo rejeitados como fornecedor.
A rastreabilidade inibe a triangulação que, eventualmente, inclui países não aceitos no meio do processo. Reguladores e legisladores estão diminuindo esses limites principalmente para os exportadores chineses. O próximo passo será a regulação também para as plataformas de vendas online.
Portanto, as empresas precisam conhecer profundamente seus produtos, saber de onde veio o tecido, os aviamentos, o algodão do tecido, etc. Não basta colocar um CNPJ na etiqueta e dizer que é feito no Brasil. Em outras palavras, conheça o DNA do seu produto (todas as matérias-primas e insumos), avalie se todos cumprem as regras e crie uma forma de divulgar essa rastreabilidade.
Já Renata Amano, CEO da Bratac, contou a experiência da empresa no mercado internacional e como a empresa foi ganhando clientes, não apenas pelas certificações, mas principalmente pela qualidade. Segundo ela, a companhia investe na humanização dos colaboradores e isso é o que vem garantindo a dedicação e a qualidade reconhecida mundialmente de seus fios de seda.
Considerada uma marca contemporânea, com tíquete médio de 400 dólares em grandes varejistas nos Estados Unidos e na Europa, a FARM está internacionalizada há anos, contando inclusive com lojas próprias e centros de distribuição nas duas costas dos EUA, seu principal mercado de destino, e também já com CD na Europa.
Desde consumidoras como Beyonce até collabs com Starbucks mundial, a FARM tem levado o DNA brasileiro como diferencial. Para manter suas conquistas, segundo Marcella Cortez – Production Manager – Farm Rio, a empresa criou uma área de compliance e realiza auditorias para mapear todos os fornecedores, auditando as confecções e calçadistas terceirizados, totalizando mais de 200 empresas. Em breve, a marca conseguirá rastrear 100% dos produtos desde sua origem. Além disso, irá colocar nos produtos, em 2025, um QR Code nos produtos que traz informação sobre a origem, mas também o que é reciclado, verificação de trabalho digno, pegada de carbono, além dos dados de etiqueta.
Por último, falando neste painel, Mário Jorge Machado, presidente da Euratex, enfatizou que a empresa que não cumprir as regras de sustentabilidade ambiental e de direitos humanos na Europa, ou para fornecer para Europa, não sobreviverá. Recém aprovada e em fase de regulamentação a Due Diligence (nova Diretriz de sustentabilidade para as empresas) irá punir legalmente essas empresas. “A empresa que não tiver o passaporte digital com todas as certificações exigidas e as rastreabilidades de cada produto, não vai conseguir vender para a Europa nos próximos 2 a 3 anos”.