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BID e Embrapa vão fomentar turismo no Nordeste com foco em sustentabilidade

Publicado em 06/09/2021 às 08:29 edição Lenilde Pacheco


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Turismo gastronômico é uma das vertentes do plano de ação - Foto: Emater

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Embrapa Alimentos e Territórios firmaram acordo de cooperação técnica com objetivo de definir um marco estratégico para o desenvolvimento do turismo em paisagens alimentares rurais de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. O plano prevê suporte tecnológico e visibilidade social para produtores e produtos agroalimentares, no âmbito da cadeia produtiva que reúne biodiversidade, agricultura, meio-ambiente e turismo.

O coordenador do Centro de Pesquisa da Embrapa, localizado em Maceió (AL), João Flávio Veloso, o projeto é discutido com o BID há mais de dois anos. “As estratégias de potencialização do segmento turístico em paisagens alimentares e o modelo de governança obtidos por este termo de cooperação contribuirão para a valorização dos territórios e de seus patrimônios alimentares, favorecendo a resiliência desses setores produtivos, frente aos impactos climáticos e aos riscos relacionados com a saúde e segurança, na fase pós-pandemia”, destaca.

Segundo ele, a produção documental deste projeto servirá de orientação para a iniciativas similares em outras regiões do País. “O projeto terá duração de 24 meses tão logo a primeira parcela dos recursos seja liberada. Os trabalhos serão realizados em conjunto com parceiros estratégicos, como o Instituto Federal de Alagoas”, disse Veloso.

Sustentabilidade

O projeto foi elaborado com o acompanhamento técnico do BID. A ideia é que os objetivos estabelecidos possam atender às áreas prioritárias de intervenção do banco, como inclusão socioprodutiva e equidade, produtividade e inovação e integração econômica, mudanças climáticas e sustentabilidade.

“O diferencial do projeto está na proposição de soluções alinhadas à multifuncionalidade da agricultura e às questões sensíveis, como mudanças climáticas e estratégias para retomada das atividades econômicas no pós-pandemia da COVID-19. As soluções apresentadas pela Embrapa e parceiros devem ser pautadas em fatores como a mudança de comportamento dos turistas e o posicionamento do setor frente às emergências globais relacionadas, principalmente, à saúde e às alterações climáticas”, detalhou o pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Alimentos e Territórios, Ricardo Elesbão.

“Os turistas já têm demonstrado preferência por áreas mais próximas de seus locais de residência, mais seguras e que proporcionem experiências e hábitos alimentares mais saudáveis. Novos valores e mentalidades estão emergindo no processo de pós-pandemia, como a busca por (re) conexões afetivas, consciência ao consumir, com destaque para o consumo seguro, com mais saúde e qualidade de vida”, argumentou o pesquisador.

A Embrapa aposta ainda num crescente interesse do público consumidor por produtos sustentáveis, tendência que deve continuar crescendo, assinala ele: “O projeto, então, vai investir no fortalecimento da cadeia entre alimento-território-gastronomia, resultando em alterações importantes nos meios de produção”.

Em 2018, o setor turístico alcançou um dos maiores índices de crescimento econômico em nível global, movimentando 1,4 bilhão de pessoas e mais de US$1,7 trilhão globalmente. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), em 2020, o setor pode ter sofrido perdas entre US$ 910 bilhões e US$ 1,2 trilhões, colocando em risco entre 100 e 120 milhões de empregos diretos. As medidas atuais para baixar efeitos da crise são relevantes porque proporcionarão  impacto positivo até a próxima década, indica o Banco Mundial.

“As paisagens alimentares possibilitam o turismo de experiência em que a culinária, a história, a tradição, o território, os ingredientes e os sistemas agrícolas que os produzem compõem um cenário único, rico de singularidades, permitindo aos consumidores encontrarem produtos diferenciados”, afirmou o coordenador do projeto Aluísio Goulart.

As relações econômicas que acabam se constituindo neste contexto, permitem o surgimento e crescimento de outros segmentos, além da agricultura, como aqueles relacionados à gastronomia, cozinha regional e socialização em torno da alimentação, enfatiza Goulart: “Desta forma, os aspectos exclusivos, autênticos e singulares que tornam os produtos diferenciados representam uma oportunidade para a diversificação da atividade rural e geração de emprego e renda no campo e nas cidades, o que pode ser materializado por meio de roteiros gastronômicos, por exemplo”.

O projeto foi elaborado para possibilitar ao turista vivenciar experiências relacionadas às tradições, culturas e modos de vida e de produção. Um modelo de turismo que possa incentivar a conservação e a manutenção da biodiversidade.

Fonte: Embrapa