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Ações imediatas e permanentes somam para construir uma cidade mais sustentável

Publicado em 31/07/2024 às 14:37 edição Lenilde Pacheco


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Leide Laje: 'precisamos avançar com o desenvolvimento sustentável nas administrações pública e privada”.

Lenilde Pacheco*

A sustentabilidade nas cidades deixou de ser uma escolha voluntária dos administradores e se tornou uma diretriz para garantir crescimento socialmente includente, ambientalmente equilibrado e economicamente viável para a prosperidade, diriam os estudiosos. A novidade é que este conceito agora também está na cabeça do cidadão que enfrenta ondas de calor e teme as consequências das chuvas torrenciais.

Recente pesquisa Datafolha demonstra que o impacto das mudanças climáticas é reconhecido por 97% dos entrevistados. Em ano pautado por uma corrida eleitoral, portanto, é oportuno analisar e debater a urgência deste assunto, nem sempre tratado com a devida relevância em campanhas ou depois delas. Justiça e ressalva sejam feitas aos municípios brasileiros que decidiram fazer diagnóstico de vulnerabilidades diante do risco climático e trabalhar uma agenda verde.

Alguns poucos municípios começaram a implementar um planejamento estratégico para mitigar e promover a adaptação às alterações do clima. Mas como a maioria não o fez, os problemas decorrentes da crise climática avançaram em progressão geométrica em um mundo que não pode adiar a diminuição da emissão de carbono para manter o aquecimento global abaixo de dois graus.

“Até agora, foi feito pouquíssimo diante da necessidade de incluir o desenvolvimento sustentável, nas formas emergencial e permanente, em todos os setores das administrações pública e privada”, afirma a consultora Leide Laje, mestre em sustentabilidade. “Precisamos de avanço contínuo e mesmo que emergencialmente podemos dar um expressivo avanço com uma agenda de sustentabilidade na campanha eleitoral”.

A agenda imediata já estabelece parâmetros, fixa metas e orienta propósitos a serem consolidados posteriormente por ações de curto, médio e longo prazos, inserindo a Educação Ambiental como imprescindível em todo o processo, recomenda a analista. A simples troca de uma lâmpada por um modelo mais eficiente não basta. Requer orientação sobre o consumo consciente de energia, caso contrário, de nada adianta, prossegue.

Na avaliação de Leide Laje não é razoável que um candidato se comprometa com a causa ambiental e passe a campanha promovendo eventos de grande impacto e movida pelo uso intensivo de recursos naturais. A virada da chave também depende da conscientização ambiental desses líderes para colocar em vigência os mecanismos de compensação, como o plantio e conservação de áreas verdes e a proteção da biodiversidade, assim como inclusão socioambiental das cooperativas de recicladores, os princípios da economia circular e o consumo consciente.

São inúmeros os desafios presentes nas agendas de desenvolvimento das cidades sustentáveis: a geração de energia mais limpa, destinação adequada dos resíduos sólidos, mobilidade urbana, oferta de transporte público eficiente aos cidadãos, disponibilidade de áreas verdes, entre outros aspectos. A transição para uma economia de baixo carbono, portanto, não é simples. “Por isso, é importante que os municípios promovam ações interdisciplinares e parceria com as demais esferas de governo e sociedade para acelerar ações integradas e consistentes”, sugere a especialista.

Sinais positivos

Por fim, então, podemos considerar que estão divididos em quatro grandes categorias (ambiental, econômica, social e de infraestrutura) os principais desafios nas grandes cidades. Eles podem ser vencidos de forma eficiente sem tanta agressão ao meio ambiente principalmente quando os objetivos ambientais e sociais são totalmente integrados aos planos econômicos.

Como ressaltam Richard Rogers e Philip Gumuchdjian, autores de “Cidades para um pequeno planeta” (2013): a qualidade de vida da população é um dos alicerces de uma cidade sustentável. No contexto eleitoral, nos cabe uma dose de otimismo porque há sinais de reconhecimento crescente da necessidade de conservar, cuidar; aquele conceito vindo do latim: ‘sustentare’.

 

* Lenilde Pacheco é jornalista com especialização em Meio Ambiente.