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Transição energética na Bahia inclui macaúba para produzir combustível renovável

Publicado em 18/09/2024 às 08:09 edição Lenilde Pacheco


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Acelen desenvolve projeto que prevê o cultivo da macaúba em áreas semiáridas - Foto: Desafio Ambiental

Lenilde Pacheco*

As etapas do processo de transição energética foram amplamente discutidas por especialistas, nesta terça-feira (17), durante o II Encontro de Meio Ambiente da Bahia (EMAB), realizado no auditório da Federação das Indústrias (FIEB), na capital baiana. Os debates demonstraram que mudanças na matriz energética avançam, ampliando a participação de fontes renováveis, como eólica, solar e hidrogênio verde, na geração de energia elétrica, assim como no fomento aos biocombustíveis.

Organizações e empresas compartilharam boas práticas ambientais no uso racional da energia elétrica, divulgando exemplos e resultados, possibilitando a troca de experiências entre os participantes. Durante o painel que abordou questões relativas aos efeitos da transição para a economia baiana, o diretor de Relações Institucionais da Acelen, Bernardo Araújo, apresentou o projeto de desenvolvimento das espécies de palmeira macaúba para produção de combustível renovável de aviação (SAF, na sigla em inglês) e diesel verde (HVO, em inglês).

O plano prevê implantação de lavouras comerciais e o melhor aproveitamento dos frutos, utilizando processos eficazes para extração de óleos de alta qualidade e geração de bioprodutos, explicou Araújo. Com este novo empreendimento, a Acelen Renováveis pretende atender ao processo de transição energética, oferecendo combustíveis renováveis em larga escala.

O projeto está totalmente alinhado às diretrizes da Agenda ESG, ou seja, possui claras orientações ambientais e sociais, na medida em que visa criar sistemas de produção descarbonizados em áreas de condição semiárida, criando novas opções econômicas para comunidades carentes, e o reaproveitamento de efluentes industriais. A estimativa é de criação de 90 mil empregos diretos e indiretos e a geração anual de R$ 7,4 bilhões de renda para as populações envolvidas.

Araújo enfatizou a preocupação de utilizar para o cultivo da macaúba estritamente áreas que se encontram degradadas. “O intuito da Acelen Renováveis é desenvolver o projeto em áreas semiáridas e viabilizar um cultivo agrícola extremamente eficiente na produção de óleo”, disse. A escolha da macaúba, uma planta de alta densidade energética e grande capacidade de sequestrar carbono, atende a essa perspectiva. Estima-se que a cada ano 60 milhões de toneladas de CO2 sejam removidas da atmosfera e que se reduz em 80% as emissões do gás, além da recuperação de áreas degradadas.

Por isso, ele insiste que a questão crucial, para o sucesso da empreitada, é obter sistemas de produção que resultem em altos rendimentos de óleo por hectare e processos industriais eficazes para a extração destes óleos. Um dos desafios será o processamento do fruto para a extração do óleo e aproveitamento total das demais biomassas, evitando a geração de resíduos. Esse critério é imprescindível para que toda a cadeia produtiva obtenha as certificações necessárias para o mercado externo e torne os produtos competitivos.

O II EMAB foi realizado  com o apoio institucional da Federação das Indústrias do Estado da Bahia – FIEB, a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, o IBRAM – Instituto Brasileiro da Mineração, o SINDIMIBA – Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais Metálicos, Metais Nobres e Preciosos, Pedras Preciosas e Semipreciosas e Magnesita no Estado da Bahia, a ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica, a ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica e da ABRID – Associação Brasileira de Influenciadores Digitais.

 

* Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.