Sul da Bahia: Tecnologia da israelense Netafim produz café conilon mais sustentável
Publicado em 05/06/2024 às 11:34 edição Lenilde Pacheco
Maior produtividade com economia de água, independente das condições climáticas - Foto: Netafim/Divulgação
Lenilde Pacheco*
Estimativa para a safra 2024 é de aumento de 4,9% na produção de café, na Bahia, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Entre os fatores que contribuem para o melhor desempenho estão o aporte tecnológico e as metas de sustentabilidade. Exatamente estes os critérios que levaram a Fazenda Nova Estrela, no município de Mucuri (BA), a escolher um sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo, feito em parceria com a israelense Netafim. O resultado foi um significativo ganho de produtividade no cultivo da espécie conilon.
As lavouras de café na Bahia estão distribuídas entre as regiões do Cerrado e Planalto, com a produção de arábica, estimada em 1,08 milhão de sacas, enquanto a região do Atlântico, onde se produz o café conilon, pode alcançar 2,48 milhões de sacas em 2024, de acordo com a Conab. A boa expectativa permite superar as incertezas causadas pela instabilidade climática.
“Formatamos projetos nos quais os produtores deixaram de ser reféns do clima”, afirma o especialista agronômico da Netafim, Igor Lapa. “Muitos deles já detinham segurança relativa à elevada qualidade das sementes. Agora, encontram a perfeita adaptação a um sistema de irrigação que aumenta a produtividade, proporciona economia de água e possui viabilidade econômica por meio de financiamento”.
A Netafim chegou à Bahia em 2015 para desenvolver um sistema de gotejamento subterrâneo do café conilon, na Fazenda Kitanda, município de Guaratinga, Extremo Sul do Estado. Desenvolvido em conjunto com a Hydra Irrigações, o projeto foi avaliado em elevados parâmetros críticos e alcançou resultados positivos que permitiram a elaboração de um protocolo para instalação e manejo.
Sustentabilidade
Em área de 150 hectares da Fazenda Kitanda a produção que era de 30 sacas por hectare (produtividade média em sequeiro) aumentou para 100 sacas por hectare, com o modelo de irrigação que evita perdas por evaporação e vazamento. A aplicação da água direto no solo ainda oferece o ganho de manter a folhagem seca, minimizando o risco de alguns tipos de doenças. O resultado final foi o aumento da produtividade em mais de 200% e uma economia de água de 50% levando em consideração o manejo tradicional de irrigação e o balanço hídrico.
Quatro anos depois, em 2019, os técnicos da Netafim desembarcaram no município de Mucuri (BA) para atender à Fazenda Nova Estrela, primeira propriedade a adquirir o sistema de gotejamento subterrâneo com os protocolos oficiais. O mecanismo foi instalado de maneira superficial e seis meses após o plantio foi feito o enterrio dos gotejadores. O sistema proporcionou economia superior a 90% em operações de manutenção otimizando a mão-de-obra da fazenda durante as etapas de tratos culturais.
O resultado foi igualmente positivo. Permitiu passar de 40 sacas de café conilon por hectare no sequeiro para 100 sacas, com potencial para alcançar 150 sacas por hectare nas próximas colheitas. “Outras culturas, como cacau, manga e maracujá podem alcançar excelentes resultados com o gotejamento subterrâneo que funciona muito bem nas áreas onde os recursos hídricos são escassos”, explica o agrônomo Igor Lapa.
Fundada em um pequeno kibbutz em Israel há mais de 50 anos, a Netafim é pioneira e líder mundial em soluções para irrigação. Atua em mais de 110 países com um portfólio de soluções inovadoras de irrigação por gotejamento, que contribuem para alcançar maior eficiência com menor consumo da água.
Desde que chegou ao Brasil, na década de 1990, a Netafim desenvolveu projetos como o da Agrovale, líder em produção de açúcar e etanol com mais de 16.000 hectares de cana-de-açúcar. Com a irrigação localizada, a Agrovale enfrenta as adversidades do semiárido com um sistema de gotejamento subterrâneo que abrange mais de 5.000 hectares e eleva a produtividade de alimentos de forma ecologicamente equilibrada, um dos maiores desafios do planeta neste século.
* Lenilde Pacheco é jornalista especializada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.