Crea-BA destaca atuação dos engenheiros ambientais diante da crise climática
Publicado em 30/01/2025 às 20:54 edição Lenilde Pacheco
Crea-BA possui registro de 2.224 engenheiros ambientais: compromisso com soluções sustentáveis - Foto: Divulgação
Celebrado em 31 de janeiro, o Dia do Engenheiro Ambiental contribui para o reconhecimento destes profissionais na formulação de soluções sustentáveis e preservação do meio ambiente. Em um cenário marcado por variações climáticas extremas e necessidade de transição para modelos econômicos mais eficientes e sustentáveis, o papel desses engenheiros torna-se cada vez mais estratégico. Entre os desafios que enfrentam estão a fiscalização quanto ao cumprimento de normas técnicas e o exercício legal da profissão.
Professor universitário e conselheiro do Crea-BA, o engenheiro ambiental Melquesedeck Saturnino Cabral Oliveira atua na região sudoeste da Bahia para viabilizar o desenvolvimento sustentável, conciliando progresso econômico e conservação ambiental. “Temos o compromisso de desenvolver e implementar tecnologias e práticas que assegurem a proteção dos recursos naturais sem comprometer as necessidades socioeconômicas das populações. Trabalhar no interior da Bahia, uma região marcada por desafios ambientais complexos, também oferece oportunidades significativas de inovação, uma experiência enriquecedora”, afirma Oliveira.
Os engenheiros ambientais desempenham papel fundamental na gestão dos recursos naturais, na adaptação de infraestruturas às mudanças climáticas e na elaboração e implementação de tecnologias. Além disso, enfrentam desafios ambientais distintos em áreas urbanas e rurais, tais como poluição do ar, gestão inadequada de resíduos sólidos, supressão irregular de vegetação, erosão do solo e contaminação dos recursos hídricos. Empresas e sociedade também são responsáveis por esses desafios ambientais, enfrentando questões como a poluição industrial, desperdício de recursos, descarte inadequado de resíduos e degradação de ecossistemas.
Para mitigar esses impactos, é fundamental a adoção de estratégias sustentáveis, incluindo a redução da pegada ecológica, o cumprimento rigoroso das normas ambientais e o desenvolvimento de práticas que promovam a economia circular e a preservação dos recursos naturais. Nesse contexto, a “engenharia verde” se destaca como um conceito essencial, abrangendo práticas e tecnologias que minimizem os impactos ambientais das atividades humanas, promovendo soluções sustentáveis para a gestão de recursos, redução de emissões e preservação dos ecossistemas.
Para Oliveira, a resposta a esses desafios passa pelo fortalecimento da capacitação técnica dos profissionais, incluindo maior diálogo entre o Crea-BA, os profissionais, instituições de ensino e as empresas, na popularização de técnicas e tecnologias, e no fomento à pesquisa por soluções ambientalmente mais eficazes. “O investimento em práticas de engenharia verde é essencial para mitigar os impactos ambientais e garantir a sustentabilidade dos ecossistemas. Isso envolve a implementação de soluções baseadas na resiliência ambiental, no uso eficiente de recursos naturais e na incorporação de inovações tecnológicas voltadas para a adaptação climática. A organização profissional, através de associações, também favorece a dinâmica do trabalho e a troca de experiências entre os profissionais. Além disso, é fundamental o fortalecimento de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento sustentável e promovam a conscientização da sociedade quanto à importância da conservação ambiental”, destaca.
Recursos hídricos
A Bahia, estado caracterizado pela diversidade de biomas e presença significativa de áreas semiáridas, enfrenta desafios estruturais na gestão sustentável da água. Projetos recentes têm buscado a conservação dos recursos hídricos por meio da proteção de nascentes, ampliação e monitoramento de sistemas de irrigação eficientes e incentivo ao reuso de água em processos produtivos.
De acordo com Oliveira, a engenharia ambiental desempenha papel central na identificação e implementação de estratégias para otimizar o uso dos recursos hídricos. “A aliança entre planejamento ambiental e inovação tecnológica é crucial para garantir a sustentabilidade hídrica, sobretudo em regiões vulneráveis. A adoção de técnicas como a captação e armazenamento da água de chuva, o tratamento de efluentes para reuso, a construção de barragens de regularização de vazão e a gestão integrada de bacias hidrográficas pode garantir maior segurança hídrica para populações e setores produtivos”, ressalta.
A fiscalização ambiental e o cumprimento da legislação são fundamentais para a mitigação de impactos ambientais e a garantia da sustentabilidade dos empreendimentos. Nesse sentido, engenheiros ambientais têm atuação imprescindível em auditorias e vistorias técnicas, assegurando que atividades industriais, agrícolas e urbanas estejam em conformidade com as regulamentações ambientais.
Para Oliveira, há um vasto campo para o aprimoramento das práticas de fiscalização, sendo necessária maior cooperação entre órgãos públicos e empresas privadas. “Diante das características geográficas e administrativas da Bahia, são relevantes as parcerias estratégicas, a exemplo do que vem sendo praticado entre o Crea-BA e as prefeituras municipais, através da assinatura de termos de cooperação técnica que favorecem a troca de informações sobre obras e serviços públicos, a fiscalização de obras e a implementação das ações de Fiscalização Preventiva Integrada (FPI). A atuação integrada entre os setores públicos facilita a identificação de inconformidades como crimes ambientais e o exercício ilegal da profissão”, enfatiza.
Dessa forma, o papel do engenheiro ambiental transcende a esfera técnica, sendo essencial para a construção de um modelo de desenvolvimento que respeite os limites ecológicos e promova a equidade socioeconômica. A valorização desse profissional é, portanto, um elemento central na consolidação de políticas ambientais eficazes e na promoção de um futuro sustentável.