A Bahia é o quinto estado brasileiro com maior desmatamento no país, com perda média diária de 417 hectares, aumento de 43,5% em relação ao ano anterior. É o que informa o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil do MapBiomas, divulgado nesta segunda-feira (18).

No ranking dos 50 municípios que mais desmataram, a Bahia tem sete cidades: São Desidério (12º), Formosa do Rio Preto (15º), Jaborandi (19º), Cocos (38º), Correntina (39º), Santa Rita de Cássia (45º) e Baianópolis (47º).

Os quatro estados que nacionalmente lideram os índices de desmatamento estão na Amazônia. Portanto, a Bahia é a primeira unidade federativa, situada fora da floresta amazônica, que entra na lista à frente de estados, como Acre e Rondônia.

Para o diretor executivo da SOS Mata Atlântica e coordenador do MapBiomas, Luís Fernando Guedes, a situação é preocupante. A Bahia tem ocorrência de três biomas brasileiros: Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado, todos ameaçados. “O território baiano é muito extenso e apresenta grande expansão da agropecuária, fatores determinantes para o resultado encontrado nos estudos”, disse.

Biodiversidade

Além da consequente perda da biodiversidade, os danos afetam o meio ambiente em várias direções. Os ecossistemas protegem os rios, mas quando ocorre o desmatamento, os mecanismos de proteção são devastados. Assim, há falta não somente de água, torna-se reduzida a capacidade de geração de energia pelas hidrelétricas e para a irrigação das lavouras, explicou Guedes.

Outro grave reflexo é o agravamento do efeito estufa e, portanto, intensificação de mudanças climáticas, como aconteceu com as enchentes que atingiram o sul do estado em dezembro de 2021. “O desmatamento também acelera a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, o que significa intensificar eventos climáticos mais extremos, desde secas mais longas e intensas quanto tempestades, chuvas e inundações, além de ondas de calor”, detalhou.

Relatório

O estudo do MapBiomas mostrou que Jaborandi, na Bahia, teve o maior desmatamento detectado no bioma Cerrado em 2021. Foram 4.977 hectares perdidos – equivalente a quase cinco mil campos de futebol. Entre 2020 e 2021, a cidade teve aumento de 111,4% na taxa de devastação ambiental.

Especialistas consideram que a punição para o desmatamento é o caminho mais eficaz para controle da situação. Na Bahia, apenas 1,7% do número total de alertas de desmatamento no estado foram respondidos com algum tipo de ação. O relatório mostra que 30 alertas tiveram ação dos órgãos estaduais do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e Ministério Público entre 2020 e 2021. As áreas atendidas representam 0,3% do número total de alertas no estado.

Os estados com a maior proporção do desmatamento respondido com algum tipo de ação foram Espírito Santo (86,3%), Mato Grosso (66%), Minas Gerais (43,2%) e Tocantins (40,9%), demonstrando que a máquina pública estadual pode alcançar resultados que contribuam para frear a devastação.

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